15/02/11

O que eu quero ser mas dizem que não! João Mário de Almeida Caetano, n.º 11, 5.º A

“O que eu quero ser mas dizem que não” é um título estranho não acham? Mas eu vou explicar-vos porque é que este texto tem este título.
Sempre que me perguntam o que é que eu quero ser quando for grande eu respondo:
-Quero ser futebolista!
Sim, futebolista. Eu sei que é o sonho de todos os miúdos, mas é o que eu quero ser e ponto final. Mas vamos ao que interessa. Então eu quero ser futebolista e ao dizer-lhes isso eles riem-se com um ar de como quem diz:
-Isso não vai ser possível! Vais ver miúdo, pensa mas é em ser médico ou algo importante.
Eu não lhes ligo, eu quero ser feliz a ser futebolista e não a ser médico ou outra coisa qualquer. Eu sigo os meus sonhos e aquilo em que acredito. Ser futebolista até pode ser uma missão impossível, mas não me interessa. Eu não vou desistir! Mas por vezes, com tanto pessimismo eu vou-me um pouco abaixo.
Os meus pais sempre me deixaram jogar futebol para poder seguir o meu sonho. Este ano estou numa Academia de Futebol para aprender um pouco mais.
Sabem aquele nervoso miudinho que sentimos antes de cantar uma canção para muitas pessoas, apresentar um programa de televisão ou até mesmo quando se apresenta uma festa da terra onde vivemos ou de algum familiar mais chegado, eu também sinto isso antes de um jogo de futebol, mas quando chega a hora do jogo parece que sou só eu e a bola e depois divirto-me com os meus colegas de equipa. Eu também já pratiquei outras modalidades como o ténis, karaté ou basquetebol, mas não sentia isso, não me divertia e é por isso que eu queria ser futebolista: divirto-me com o que faço.
Depois há aquele grande factor: o talento.
O talento é outra coisa. Podemos nascer com ele e temos a vida facilitada ou esforçamo-nos para o ganhar, o que não é coisa fácil mas também não é impossível.
Eu para ser sincero acho que nasci com uma coisa importante: adoro jogar futebol mas o talento já não é muito, portanto tenho que me esforçar ouvindo dizer que vai ser impossível e que devo mas é ser médico, mas não irei desistir do que eu quero ser: futebolista. E um dia, se esse esforço resultar, ainda vão ouvir falar de mim.
Amigos, vou dizer-vos uma coisa, se tiverem o sonho de ser cantor, actor ou até mesmo um futebolista famoso, nunca desistam! Lembrem-se disto!

PALAVRAS …

8h30.
Alunos dirigem-se às salas de aula. Conversam, riem felizes e apressam-se para evitar atrasos.
É belo olhá-los assim, cheios de vivacidade e de alegria, a saltitar e a deixar um beijinho no rosto tímido de uma amiga especial.
Mas eis que, logo ao lado, palavras menos próprias, obscenas, saem de outras bocas e percorrem espaços interiores e exteriores.
É um fenómeno comum e constante, mas sem graça, cansativo, saturante. Arrepia, intriga, irrita, consome a alma e a paciência… Pára-se, olham-se (em silêncio ou com ar reprovador) aqueles rostos (de crianças ainda) ávidos de protagonismo (pela negativa) e apenas se recebe um sorriso provocador ou a repetição da palavra dita. Perde-se a paciência, esquece-se a tolerância, chama-se o(s) implicado(s), diz-se qualquer coisa como “cuidado com a linguagem!”, “dobra a língua!”, “sê polido!”, “respeita os outros!”, mas nada – tudo em vão! Sente-se o desalento de o nada conseguir, de o nada mudar. Vira-se a cara para o lado, dão-se alguns passos e a cena repete-se com o mesmo tom de gozo, o mesmo ar de satisfação, o mesmo à-vontade de sempre.
Porquê? Até quando?
Curioso verificar-se que, em alguns casos, os alunos nem se dão conta do que dizem e onde o dizem, pois apressam-se a pedir desculpa, mostrando-se quase envergonhados pela palavra dita. A banalização deste tipo de palavras está já tão entranhada no vocabulário desta geração que o acto de dizer é, para eles, “coisa sem importância”.
Haverá “medicamentos” para a cura desta doença que, tão agressivamente, afecta estes nossos alunos, estes nossos filhos?
É urgente dizer e fazer algo. É urgente começar no seio familiar e acabar no meio escolar.
Se temos palavras tão bonitas, tão elegantes, tão delicadas, tão preciosas, tão variadas, por que não se experimenta usá-las em casa para educar, para moralizar e reutilizá-las na escola e outros locais públicos para o bem de todos?
Queremos acreditar que “a esperança é a última a morrer”.