ENTARDECER
ASSUSTADOR
Era dia 31 de outubro
de 1271, noite de Halloween, e ouviam-se as crianças contentes a espalhar as
abóboras e as lanternas assustadoras no jardim...
No interior da casa
da senhora Paula, enquanto a sua mãe Vanda Poções tricotava umas meias de lã,
acontecia algo de muito estranho que ambas desconheciam: um homem desconhecido
espreitava pela janela; estava com um chapéu MUITO alto na cabeça, um casaco
MUITO longo até aos pés e um laçarote MUITO bem apertado à volta do pescoço.
De repente, faltou a
luz e ouviu-se: UUUUUU....UUUUUU..... A velhinha levantou-se rapidamente da sua
poltrona, atirou as meias para o chão e correu em direção à janela. Quando se
preparava para voltar ao seu cadeirão, deparou-se com uma dúzia de ratos
esfomeados e a chiar em cima de uma estante cheia de livros sobre países e
oceanos, que acabavam de se transformar em livros sobre vampiros e abóboras. O
marido da velhinha era caçador, daí a sua tendência para usar como decoração da
casa de familiares, animais embalsamados.
O problema dos ratos
não acabara, de tal modo que a Vanda Poções decidira imediatamente chamar o
exterminador.
Do outro lado da
linha, atendeu uma voz rouca, informando que o exterminador estava a caminho da
morada indicada. Nesse mesmo instante, ouviu-se o suar da campainha e uma voz
que dizia:
- É o exterminador
Raul que dirige todos os ratos para sul... Abram a porta...
A senhora Paula
pôs-se a caminho da porta que abriu com delicadeza. De seguida, apareceu a sua
mãe que guiou o exterminador até à sala onde se encontravam os ratos. Estes já
se tinham triplicado...
Poucas horas depois,
o exterminador já se tinha ido embora com a sensação de tarefa cumprida. Em
cima da mesa estava um bilhete que dizia:
"DESCOBRI UMA
PASSAGEM SECRETA ATRÁS DA ESTANTE, ENTREI POR CURIOSIDADE MAS NÃO VI NADA DE
ESPECIAL, APENAS UM BURACO DE ONDE APARECIAM IMENSOS RATOS.
EXTERMINADOR RAÚL "
Ambas ficaram muito
assustadas. «Uma passagem secreta atrás da estante?!» pensaram as duas senhoras
intrigadas com o bilhete.
- Vamos já ver se
isto é verdade, ajuda-me a puxar a estante.
̶ pediu a senhora Paula.
Da estante saíram
imensas cobras que fugiram para a rua através da porta que estava entreaberta.
As duas senhoras quase morreram de susto, pois nunca pensaram que a casa
pudesse ter passagens secretas.
Através da grande
janela existente na sala, observavam-se duas grandes montanhas. Conta a lenda
que, no dia das bruxas, apareciam fantasmas vindos das grutas para assustar a
vizinhança e fazer travessuras às crianças.
- Vou entrar, tu
ficas cá fora para o caso da porta se fechar! - ordenou Vanda Poções.
E assim foi… Entrou
com os dentes a tremer e os braços todos arrepiados. Ao fundo do corredor
estava um buraco tapado com um pano, provavelmente feito pelo exterminador para
que os ratos não passassem. Mas a velhinha, que era muito perspicaz, decidiu
continuar a andar e descobrir o que a casa da filha escondia por detrás das
paredes.
Depois de dar uma
dúzia de passos, descobriu uma porta com uma placa a dizer: "Sala dos
espíritos, não entrar sem autorização do chefe". Assim que acabou de ler,
pensou: «O chefe desta casa é a minha filha, ela de certeza que me autoriza a
entrar.» No mesmo instante em que abriu a porta, gritou:
- SOCORRO, vou
desmaiar....
Esta deparou num
assustador, horrendo, mal cheiroso, perigoso e temível… pingo de chuva de água
destilada. Afinal, o homem que estava a espreitar na janela era o exterminador;
os ratos eram máquinas inventadas por cientistas; a passagem secreta era um
buraco na parede com alguns retoques e o pingo de chuva não passou de uma
simples coincidência.
Lara
Neves, 5ºG 1/11/12