15/02/11

PALAVRAS …

8h30.
Alunos dirigem-se às salas de aula. Conversam, riem felizes e apressam-se para evitar atrasos.
É belo olhá-los assim, cheios de vivacidade e de alegria, a saltitar e a deixar um beijinho no rosto tímido de uma amiga especial.
Mas eis que, logo ao lado, palavras menos próprias, obscenas, saem de outras bocas e percorrem espaços interiores e exteriores.
É um fenómeno comum e constante, mas sem graça, cansativo, saturante. Arrepia, intriga, irrita, consome a alma e a paciência… Pára-se, olham-se (em silêncio ou com ar reprovador) aqueles rostos (de crianças ainda) ávidos de protagonismo (pela negativa) e apenas se recebe um sorriso provocador ou a repetição da palavra dita. Perde-se a paciência, esquece-se a tolerância, chama-se o(s) implicado(s), diz-se qualquer coisa como “cuidado com a linguagem!”, “dobra a língua!”, “sê polido!”, “respeita os outros!”, mas nada – tudo em vão! Sente-se o desalento de o nada conseguir, de o nada mudar. Vira-se a cara para o lado, dão-se alguns passos e a cena repete-se com o mesmo tom de gozo, o mesmo ar de satisfação, o mesmo à-vontade de sempre.
Porquê? Até quando?
Curioso verificar-se que, em alguns casos, os alunos nem se dão conta do que dizem e onde o dizem, pois apressam-se a pedir desculpa, mostrando-se quase envergonhados pela palavra dita. A banalização deste tipo de palavras está já tão entranhada no vocabulário desta geração que o acto de dizer é, para eles, “coisa sem importância”.
Haverá “medicamentos” para a cura desta doença que, tão agressivamente, afecta estes nossos alunos, estes nossos filhos?
É urgente dizer e fazer algo. É urgente começar no seio familiar e acabar no meio escolar.
Se temos palavras tão bonitas, tão elegantes, tão delicadas, tão preciosas, tão variadas, por que não se experimenta usá-las em casa para educar, para moralizar e reutilizá-las na escola e outros locais públicos para o bem de todos?
Queremos acreditar que “a esperança é a última a morrer”.

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