A minha mãe e o meu pai partiram um dia carregados de malas e roupas, livros, louças e talheres, sei lá que mais... iam ajoujados com um ror de coisas daquelas que toda a gente leva quando vai mudar de casa.
Andaram, andaram, até que chegaram a uma sítio muito estranho e vazio. Ou melhor, quase vazio.
- Aqui não há casa nenhuma! - disse a minha mãe, olhando em volta muito aflita.
O meu pai apontou o mapa.
- No entanto, está perfeitamente claro. A nossa casa nova é aqui.
- Mas aqui só há uma porta... Não tem nada de um lado nem do outro. Para ser uma casa era preciso que houvesse janelas, paredes e tecto.
- Uma porta é um bom começo.
...
Só porque o mundo dá tantas voltas e tão esquisitas é que os meus pais conseguiram encontrar uma casa, ou uma porta, onde tudo é possível.
...
Desconfiada, a minha mãe olhou para a porta.
- Como é que esta há-de ter chave se não tem fechadura?
A meada parecia cada vez mais embrulhada e assim ficaria, por certo, se não fosse a súbita chegada da Princesa Princesinha que ia dando em cheio com a porta na cara da minha mãe.
- Todas têm. Mesmo que a cheve e a fechadura sejam invisíveis. A Bruxonauta é que não se está a explicar bem. Para passar para o outro lado é simples: basta dizer uma palavra mágica.
- Ora aí está! - gritou o meu pai tão entusiasmado que desfez logo o nó da gravata que acabara de apertar.
- Uma palavra mágica... - murmurou a minha mãe, ansiosa por ir espreitar o outro lado. - E as meninas podem-nos ensinar essa palavra mágica?
- O problema é que não há uma só. Cada pessoa tem de encontrar a sua própria palavra mágica ...
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A Porta de José Fanha na BE (82-93 FAN).