(ilustração de John Hendrix)
23/12/13
17/12/13
História de Natal II
Uma história colorida de Alice Cardoso.
Natal
nas Asas do Arco-Íris – Alice Cardoso
Era
uma vez uma cidade cinzenta. As casas, as ruas, as árvores e o rio, eram
cinzentos… Todo o céu que envolvia a cidade era cinzento…
As
pessoas vestiam-se com roupas em tons de cinzento e os seus rostos eram tristes
e carrancudos. Andavam sempre agitadas, demasiado ocupadas e sem tempo para
conversar, rir ou passear.
Jerónimo
vivia na cidade cinzenta e, tal como as outras crianças, sentia-se muito
triste.
O
Natal estava a chegar e sempre que ele pedia aos pais para o ajudarem a
escrever a carta ao Pai Natal, a resposta era:
“Não
tenho tempo. Há coisas mais importantes em que pensar.”
Jerónimo
não compreendia… O que poderia ser mais importante do que o Natal?
Sentado
no peitoril da janela e o nariz encostado ao vidro, Jerónimo olhava o céu e
observava as nuvens que passeavam lentamente sobre a cidade.
—
São tão lindas! — comentava o menino, apontando para uma nuvem bem lá no alto.
— Aquela parece mesmo um leão a fazer o pino! E aquela parece… um coelho a
jogar à bola! Será que há alguma que pareça um elefante a andar de patins? —
questionava com ar pensativo.
De
repente, um enorme elefante apareceu esculpido nas nuvens!
Jerónimo
olhava fascinado. Seria possível? As nuvens estariam a convidá-lo para brincar?
Decidiu
aceitar o desafio e embarcar naquele jogo maravilhoso… desconhecendo que eram
as artes mágicas de Ariela que modelavam as nuvens ao sabor dos seus pedidos.
Ariela
era uma pequena fada muito bonita, de asas transparentes, que voava
graciosamente entre o céu e a terra.
Era
muito alegre e amava a natureza com toda a sua beleza e cor. Por essa razão,
ficou muito curiosa quando soube da existência daquela cidade cinzenta. Porque
teria perdido a cor? Como seriam os seus habitantes? As crianças seriam
felizes?
Ariela
voava sobre a cidade, tentando encontrar uma explicação para aquele estranho
lugar, quando ouviu as palavras de Jerónimo. Para o alegrar, resolveu brincar
com ele, modelando as nuvens fofas que embelezavam o céu.
A
pequena fada olhava, com ternura, para o rosto do pequeno Jerónimo e pensava no
que poderia fazer para tornar especial o Natal das crianças daquela cidade
cinzenta.
Então
Ariela começou a assobiar. De imediato, ouviram-se vários assobios em uníssono
que se confundiram com o sopro do vento.
Milhares
de pequenas fadas, transformadas em pontos de luz, espalharam-se por todas as
casas da cidade.
Os
adultos, sempre ocupados, nada viram.
De
repente, ao ritmo do assobio do vento, os mesmos pontos de luz desapareceram no
céu.
Ariela
sorriu. As fadas conheciam os desejos de todos os meninos da cidade cinzenta e
iriam transmiti-los ao Pai Natal. As crianças não ficariam sem presentes!
E os
adultos? Como poderia ajudá-los? Eles tinham-se esquecido da cor… da sua
essência, da sua beleza, da sua alegria, da sua magia.
Sem
cor a vida é triste e vazia.
Ariela
pensou, pensou… e sorriu. Depois, bateu as suas delicadas asas transparentes e
voou, ligeira, até ao céu.
Era
véspera de Natal. Jerónimo acordou, abriu a janela do seu quarto e ficou
maravilhado. Estava a nevar. Mas não era uma neve qualquer! Flocos de todas as
cores desciam lentamente do céu azul, transformando toda a cidade cinzenta numa
paleta colorida.
Jerónimo
viu o verde nas árvores, o prateado na água do rio, o amarelo nas flores, as
cores do arco-íris nas casas, o dourado nos enfeites de Natal…
Aos
poucos, as ruas foram-se enchendo de pessoas de todas as idades que vestiam
roupas de todas as cores e que conversavam, corriam, saltavam, brincavam e
riam. E a neve ia caindo em flocos leves e coloridos…
Lá
no alto, sentadas nas nuvens, Ariela e as outras pequenas fadas moldavam os
flocos de neve, pincelando-os delicadamente com as tintas do poder da fantasia
e lançando-os no ar com um sopro suave.
De
vez em quando, atiravam pequenos flocos umas às outras numa brincadeira alegre
e divertida.
Ariela
viu o pequeno Jerónimo e os seus pais fazerem um enorme boneco de neve azul com
olhos verdes, boca vermelha, chapéu preto, nariz cor-de-laranja… Davam abraços
e soltavam gargalhadas!
A
fada viu, ainda, as pessoas a entoarem cânticos natalícios… e a desejarem umas
às outras um “Feliz Natal”!
A
cor voltou aos corações! — pensou Ariela.
De
repente, olhou o horizonte e sorriu. O seu ouvido apurado ouviu, lá ao longe, o
tilintar dos sininhos do trenó do Pai Natal!
Cardoso, A. (sd). Natal nas Asas do Arco-Íris. Gaia: Edições Nova Gaia.
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